quarta-feira, 23 de janeiro de 2013


Macho-alfa no pedaço

"Pai, eu gosto quando estás de terno."
"É mesmo, filhão?".
"É, com as outras roupas tu ficas, sei lá, meio tiozão, pagando de gatinho."

(Hora de abandoná-lo na floresta e quebrar o espelho).

Sandro Sell


Fofoca-free

Fale bem ou fale mal, mas fale pra mim - e não de mim. 
Porque eu sou um péssimo assunto, mas um bom ouvinte.

Sandro Sell

Verão

Enquanto ela se queima ao sol, ele se enche de cerveja... e fazendo exatamente o esteticamente oposto dá para acreditar que foram feitos um para o outro?


Sandro Sell


O menino negro, a BMW, os ricos e nós todos

Não é só em concessionárias BMW, é também na Audi e Mercedes. Também não é só em concessionárias: é nos restaurantes caros, nos shoppings e nos desenhos animados. Criança maltrapilha vira problema sanitário, praga e quebra da harmonia estética: “xô, daqui!”. E se for negra, então...

Claro, estou falando do caso do menino que teria sido vítima de racismo numa concessionária BMW. Teria, pois os fatos ainda não estão de todo esclarecidos. Seria racismo – isto é se sua “raça”, e não sua condição de criança, vestimenta ou confusão entre o “menino-cliente” e o “menino de rua”,fosse o mote da expulsão. Todas as outras hipóteses são também reprováveis, mas não racismo.

Mas avancemos.

 O que aconteceria se, numa concessionária para “gente diferenciada” e que gosta de se diferenciar, houvesse um menino-pedinte? Branco, negro, amarelo ou verde com antenas?
Emporcalharia o ambiente. Esse é o pensamento habitual. Por isso somos viciados em atendimentos Vips, ou seja: sem os perdedores do sistema.  

Seguranças e funcionários, mas também policiais, são muitas vezes treinados para detectar a quebra da “salubridade”, do bom ar dos felizes proprietários. Ou os da esquina nunca descobriram que seria melhor pedir no shopping, ou nas marinas e hangares, onde ricos e autoridades fogem do mundo dos sarnentos?

O menino entrou na BMW e foi expulso. Foi um erro pessoal. Mas sobretudo a realização de uma das práticas mais corriqueiras da nossa sociedade. E quem quiser apontar o dedo que primeiro olhe quantos diferentes conseguem acesso ao seu mundinho feliz de asséptica hipocrisia.
E depois saia no seu carro de meio milhão pedindo mais igualdade.

Sandro Sell 

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Meu ideal é encontrar alguém perfeito para aceitar minhas imperfeições!

Triste esta época em que somos todos mais ou menos neuróticos, mais ou menos problemáticos, sequelados de ex-relacionamentos (que então ainda não são exatamente "ex"), mas em que se quer encontrar pessoas 100% compreensíveis, 100% resolvidas e 100% dispostas a nos fazerem felizes...

Queremos nos entregar meio avariados e receber em troca um ser perfeito!

(“Cuide de mim, salvação, porque os outros me escangalharam”).

O resultado? Pessoas mais-ou-menos que vivem dizendo que não sobrou gente decente para elas neste mundo...

[Cai na real, baby – ou no divã].
Sobre a morte da estagiária...

Advogados não gostam de falar sobre crimes em suspeita. Não que dê azar, mas porque sabem não ser possível ser imparcial em casos concretos. E daí podem alimentar torcidas ao invés do devido senso de justiça.

Mas a morte da estagiária de um dos escritórios mais famosos do Brasil (em tese um suicídio motivado pelo abuso à sua condição de mulher e estagiária), merece alguma reflexão.

Tomando por foco não a “mulher”, mas a “estagiária” – ou o estagiário.

Como se seleciona um estagiário? Em instituições públicas deveria ser sempre por concurso. E a lista dos selecionados não deveria diferir tanto do respectivo desempenho na faculdade. Mas – exceções à parte! -como diferem!

É visível que o fator beleza influi mais na contratação do que se poderia admitir. É quase lei: é bonita: estagiará assim que quiser e quase onde quiser.

Onde isso ocorre? No setor público e no privado. Não, não estou generalizando. Estou apenas dizendo que quando quem estagia nos locais mais cobiçados costumam ser aqueles que não têm a menor intimidade com o aprendizado jurídico isso chama a atenção, e acende a luz do alerta.

E se for belo/a a suspeita cresce. Não porque a mais bela não possa ser a mais competente. Mas sim porque não há correlação entre beleza e competência, logo não se justifica o clima de fashion week de órgãos públicos e grandes escritórios.

Para que serve uma estagiária? Certamente não para decorar ou encantar seus chefes e clientes. Não é o complemento do carrão ou da investidura cobiçada. É ser humano em formação e seus chefes exercem, nesse caso, a função de professores, ou são simples exploradores de mão de obra barata – quando não “de graça”!

Nos EUA, o executivo federal tem pesadas exigências sobre os escritórios e setor público acerca de quem deve ser contratado. Chegando inclusive a exigir proporcionalidade entre raças, gêneros e escolas.

Aqui fica tudo para a “discricionariedade” e o gosto pessoal do selecionante. Mesmo quando há prova e currículo, há as famigeradas entrevistas pessoais com seus resultados espetaculares.

E aí... poder e beleza andarão juntos. Um gerando dúvidas sobre a honradez do outro.

Mas isso é tão tabu, que nem o suicídio da estagiária será capaz de quebrar.


Sandro Sell
O eventual dolo de cada dia...

E me ligam para uma opinião formal sobre dolo eventual em um pai que bebia cerveja e a criança se afogou no mar. 
- quanto de cerveja?
- não sei...
- como aconteceu?
- ainda não sabemos bem...
- como era a relação dele com o filho?
- ele está destruído!
- a mãe, desespero à parte, acha que ele mataria o filho?
- acho que não....
- então deixem ele viver o luto. Porque de costume social amplamente tolerado não se presume homicídio doloso.
- mas ele não assumiu o risco?
- desde que nasceu.
-e...
- 0 caso não é assumir o risco, é arriscar de uma forma tão estúpida e socialmente desconforme, que chamaria a atenção dos circundantes... E chamou?
-não sei.
-então eu também não...