segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Sobre a morte da estagiária...

Advogados não gostam de falar sobre crimes em suspeita. Não que dê azar, mas porque sabem não ser possível ser imparcial em casos concretos. E daí podem alimentar torcidas ao invés do devido senso de justiça.

Mas a morte da estagiária de um dos escritórios mais famosos do Brasil (em tese um suicídio motivado pelo abuso à sua condição de mulher e estagiária), merece alguma reflexão.

Tomando por foco não a “mulher”, mas a “estagiária” – ou o estagiário.

Como se seleciona um estagiário? Em instituições públicas deveria ser sempre por concurso. E a lista dos selecionados não deveria diferir tanto do respectivo desempenho na faculdade. Mas – exceções à parte! -como diferem!

É visível que o fator beleza influi mais na contratação do que se poderia admitir. É quase lei: é bonita: estagiará assim que quiser e quase onde quiser.

Onde isso ocorre? No setor público e no privado. Não, não estou generalizando. Estou apenas dizendo que quando quem estagia nos locais mais cobiçados costumam ser aqueles que não têm a menor intimidade com o aprendizado jurídico isso chama a atenção, e acende a luz do alerta.

E se for belo/a a suspeita cresce. Não porque a mais bela não possa ser a mais competente. Mas sim porque não há correlação entre beleza e competência, logo não se justifica o clima de fashion week de órgãos públicos e grandes escritórios.

Para que serve uma estagiária? Certamente não para decorar ou encantar seus chefes e clientes. Não é o complemento do carrão ou da investidura cobiçada. É ser humano em formação e seus chefes exercem, nesse caso, a função de professores, ou são simples exploradores de mão de obra barata – quando não “de graça”!

Nos EUA, o executivo federal tem pesadas exigências sobre os escritórios e setor público acerca de quem deve ser contratado. Chegando inclusive a exigir proporcionalidade entre raças, gêneros e escolas.

Aqui fica tudo para a “discricionariedade” e o gosto pessoal do selecionante. Mesmo quando há prova e currículo, há as famigeradas entrevistas pessoais com seus resultados espetaculares.

E aí... poder e beleza andarão juntos. Um gerando dúvidas sobre a honradez do outro.

Mas isso é tão tabu, que nem o suicídio da estagiária será capaz de quebrar.


Sandro Sell

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